segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

SELO DA (BAR)BÁRIE

"Abuso sócio-ambiental dá lucro, daí a dificuldade em removê-lo"
" O turismo é uma guerra vulgar movida contra as pessoas, a paisagem e o sossego"

BARES E RESTAURANTES
Diz-se que o Fala Fortaleza recebe uma média de dez reclamações diárias sobre poluição sonora e que os estabelecimentos que produzem som acima do permitido são multados em R$ 3 mil. Só não sabemos qual é a porcentagem atendida e em quanto tempo. Até aí tudo bem, mas o que esperar da missão "silêncio" da PMFBela se a Semam, seu trunfo operacional no controle dessas sócio-mazelas, conta apenas com uma equipe externa de três fiscais e dois técnicos para cobrir toda a Capital, que, segundo dizem, é a cidade mais barulhenta do planeta? Tudo pra inglês ver? Nessa questão de poluição sonora o ronda não tem tido uma performance à altura do que foi propalado pelas autoridades...Curioso, o que consideramos, orgulhosos, uma grande vantagem, aqui entre nós, é, antes de tudo, penso eu, um sinal inequívoco de barbárie. Este sim, o Selo da Barbárie, é que deveria ser o selo a ser conferido a certos bares e restaurantes que praticam abuso sócio-ambiental há mais de vinte anos aqui na cidade e vão muito bem obrigado, para dizer o mínimo...E agora com o selo estariam esses estabelecimentos acima da lei? Ora, ora, como abrir a boca e falar em cidade bela se a prefeitura com "suas dificuldades administrativas e operacionais", favorece, sem querer, claro, a contravenção da poluição sonora? Nesse aspecto vale dizer que o trabalho da Semam ( só dela?) se dá em regime de rendimentos decrescentes, faz o que pode, mas pode pouco, e assim tudo se acumula, a própria Semam assim se apresenta nos jornais, veja o link

http://www.diariodonordeste.com.br/materia.asp?codigo=542429

E pra terminar me perdoem pela asneira: mas que saudade do Disque Silêncio da cidade saudável dos tempos do Juracy...
Saudações da pARTE do Hélio Rôla ( Agora EuRo )

Vamos ouvir Emoções do Roberto Carlos porque o Reveillon já vem aí e ninguém é de ferro.
Com tamanha tonelagem explosiva do Reveillon para onde irão os golfinhos que com natural simpatia animam os mares de Iracema?










o poder pertence a quem possui sino ou sirene
"O audível mantém território por sua ampla capacidade, o poder pertence a quem possui sino ou sirene, na rede dos emissores de som...Não sabemos, inteiramente, até que ponto amedrontamos o mundo, nem a que tocas escuras nós o levamos a fugir. Os tigres vagueiam pela selva, as águias refugiam-se nas escarpas, as raposas nas furnas e os sábios em certas ilhas, de medo desse ruído. Espécies ameaçadas que hoje morrem porque aprendemos a difundi-lo melhor ...Nossas megalópoles ensurdecem: quem suportaria este inferno sem desfalecer se não contasse com a equivalência entre o grupo e o barulho? Fazer parte de um consiste em não ouvir o outro, quanto mais a gente se integra, menos o escuta; quanto mais se incomoda com o barulho, menos pertence ao grupo." Michel Serres -- Os Cinco Sentidos


EuRo 08

sábado, 22 de novembro de 2008

Quem dá mais?


Quem dá mais?
Marte, Júpiter, Quirino?
"Assim como a ciência procura reconhecer como os fenômenos se produzem e não por que, da mesma forma ela chega a conceber de que maneira ela própria funciona, e não por quê. Seu objeto, este sim, é despojado de projeto. Um instrumento polivalente sem finalidade. Ela é livre. Por liberdade entendo não o mesmo que a política e a metafísica, mas o que a mecânica diz a seu respeito. Ou a linguagem ordinária. Da mesma forma que diz que uma mulher é livre quando não tem uma relação, ou quando não está mais apaixonada. Livre sem constrangimento para se prender. Polivalência sem projeto, sim, reduzida à finalidade sem objetivo, como uma arte, a ciência se oferece por todos os lados." Michel Serres - Hermes, uma filosofia das ciências- Graal

"Nós seres humanos modernos vivemos sob duas inspirações culturais básicas e difundidas: uma segundo à qual o mercado justifica tudo, e a outra, de que todo o progresso é um valor que transcende a existência humana. Isto se expressa no fato de que praticamente tudo o que nós humanos modernos fazemos é feito em relação ao seu valor de mercado, e de que falamos e agimos como se fôssemos sendo arrastados por uma onda de progresso à qual devemos nos submeter" Humberto Maturana - Cognição, ciência e vida cotidiana - Humanitas

Saudações da pARTE do HeRo
Fortaleza é nossa debilidade

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Violência


O estilista e o gramático


“Cada um conta com a falência do outro ao lhe declarar amavelmente: não compreendo nada do que você diz. O gramático ao estilista: fora daqui, mente confusa e irracional. O estilista: tens sempre razão naquilo em que progrides e propões, concordo. Mas, e depois? Ardiloso, prudente, rigoroso, circunspeto, progrides meio milímetro em um século. Enquanto isso, desatento, corajoso, intuitivo, criei o sentido, sim, o sentido da vida, o mundo, o trágico, o próprio conhecimento, o amor, as relações com o vizinho e as andorinhas trazendo a primavera nas asas. Com o sacrifício da clareza, faço a língua viver. Tu esclareces sacrificando a vida. Se, na hora de correr, eu analisasse o movimento dos meus ossos, músculos e neurônios, minhas intenções e objetivos, razões e proporções, jamais sairia do lugar. O gramático diz: tu não sabes nada. Tu fazes nada, responde o estilista. Tanto um quanto o outro estão certos. O filósofo sabe, mas também faz, trabalhando nos dois canteiros em escala média”
Michel Serres - Filosofia Mestiça- Le Tiers-instruit Ed Nova Fronteira


Saudações da pARTE do Hélio Rôla
Fortaleza é nossa debilidade
Fazer o quê?
Tango-La_Cumparsita.mid

Paisagem





Turbulência & "turbulânsia"


O MÉTODO DESCANSA NO DOMINGO




“Caiam fora. Guardem o método ou os métodos reconhecidos como seguros, para caso de doença, miséria, cansaço, partam novamente em rodeio*. Explorem o espaço, mosca que voa, cervo acuado, viandante sempre expulso do caminho natural pelos cães de guarda que rosnam ao redor dos lugares confortáveis. Vejam seus próprios eletroencefalogramas que pulam em todos os sentidos e varrem a página. Divaguem como um pensamento. Façam o olho brilhar em todas as direções, improvisem. Com a improvisação, a vista se surpreende. Considerem a inquietação uma ventura, a segurança, uma pobreza. Deixem o equilíbrio, o vazio do trilhado, percorram as baías de onde voam as aves. Perfeita expressão popular: virem-se. Supõe um emaranhado confuso, alguma desordem e essa confiança vital no acontecimento descoberto de improviso que caracteriza os ingênuos, solitários, amorosos ou estetas, em plena saúde.
Essa higiene de busca nos distingue das máquinas e nos aproxima do que o corpo sabe fazer. Mais que a mente, o corpo nos afasta do artifício.
O método descansa no domingo; o rodeio, todos os dias, salva a vida. Se vocês têm necessidade de vitória, de lugar previsto, de batalhas, bancos ou instituições, sigam pelo método. O rodeio fica para o tempo e a inteligência, a saúde do pensamento, liberdade, paz: criação de lugares imprevistos.
Mas percorram os dois, não condenem nenhum; o amante de paisagens às vezes precisa de auto-estrada. Abandonem, portanto, o pensamento selvagem que privilegiava, indevidamente, o lado direito. Orientar-se no pensamento não deixa escolha senão a de virar a leste.” Michel Serres Os Cinco Sentidos-Filosofia dos corpos misturados Ed BB pg. 278

*Método e rodeio
Rolanota: o método, sempre na pressa, marca o terreno com retas e rotas ariscas e sem olhar pros lados, cego? vai em frente, mesmo após as bifurcações...agora imaginemos o desenho deixado no chão por um rodeio de mil voltas e conexões...este é o rodeio de que fala MS.
MS.


"Se você quiser ensinar autonomia e reflexão, não poderá usar a força como um método,
mas criar um espaço aberto para reflexão e ação comunitárias.
Não deve haver contradição entre metas e meios" Humberto Maturana



Saudações da pARTE do Hélio Rôla

Homo car





Fortaleza é nossa debilidade
Saludos HeRo

Imitadores/Teoria da ciência



NARCISOS
Id, Ego e SuperEgo
&
Neurônios espelhos


"É possível que a teoria da ciência não tenha mais outra coisa a dizer em geral sobre a ciência, a não ser designar a emergência, por toda parte, de um jogo de imitações, próprio a cada uma delas...O conjunto das limitações do poder de conhecer encontra o conjunto das limitações dos nossos poderes de intervir..."

PS Nesse domínio existencial do vazio teórico e prático, reina então o quê: a força, o domínio, a submissão e o sofrimento pelo cateto que não admitia ser quadrado? Pergunto eu. O texto é do
Michel Serres, filósofo já conhecido aqui no Rolanet, no livro Hermes - uma filosofia das ciências Ed Graal pg 92-93



Fortaleza é nossa debilidade, ou não?

Teoria do mando
Minto, logo governo?

Saber & exclusão



Inferno: a miséria universal
“Tal como outrora e há pouco, os ricos e os homens ditos livres, lúcidos sobre o mundo global, mas localmente cegos aos pobres e aos escravos, celebravam a sua própria constituição igualitária, aqueles que participam nesta onipotência, recentemente adquirida pelo saber, a tecnologia e a informação, vêem ainda menos os excluídos, os, justamente, da exceção, e que não participam de nada, porque os primeiros, raros, possuem, afinal de contas, tudo, inclusive o conhecimento do mundo e a definição construtora do real, assim como as faculdades de conhecê-lo e de refazê-lo, com toda a facilidade, e os outros, em tão grande número que esse número se prolonga até ao universal, nada. Quando aqueles que habitavam não podiam compreender o sofrimento essencial dos que não tinham casa, como é que os que constroem o universo terão a mínima percepção dos que excluem do mundo, pois o seu próprio mundo condiciona toda a visão e todo o habitat?”

Michel Serres Atlas Inst. Piaget Lisboa Coleção Epistemologia e Sociedade


Fortaleza é nossa debilidade

Sob as curvas de Niemayer / Aquarela do Brasil



"Os mais canalhas entre os homens não se preocupam com os ricos, sempre muito bem protegidos. Eles roubam os mais pobres que vivem sem qualquer defesa. Dominados pelos invencíveis chefes de bandos, máfias e pequenos déspotas desprezíveis, a miséria vive na pior das violências. Punir com maior rigor os fracos que atacam os ainda mais fracos deveria ser o primeiro artigo de uma declaração dos deveres do homem. Esse artigo poderia ser aplicado a muita gente, inclusive aos poderosos...Os campos de extermínio ou de trabalhos forçados, as prisões e favelas, o acúmulo de indivíduos em condições aviltantes revelam sem qualquer artifício a verdadeira realidade da condição humana: esse é o homem em sua condição de indivíduo anulado, ferido, aniquilado em sua essência, esse é o homem identificado como um coletivo denso e fechado...Obrigar singularidades tão diversas quanto as das espécies animais a se associarem numa homogeneidade impossível é o mesmo que amontoar lobos, cordeiros, leões, cabras, bezerros e touros e criar uma selva em que a ausência de leis acarretaria uma ampliação dos sofrimentos que poderia redundar num atalho rápido para a violência. Esta é uma das dores indiscritíveis da miséria..." Michel Serres


Saludos HeRo

Fortaleza é nossa debilidade e o Estoril o museu da boemia?

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Abrigo da miséria

"A violência funda toda a instituição.
Individual ou coletiva, a miséria mergulha os homens que ataca num estado limite em que a violência não conhece regras nem leis, em que não há quaisquer barreiras à sua propagação universal. Esta exclusão para fora da lei aproxima do risco máximo de eliminação ou de erradicação: excede o homicídio pois este último define-se segundo leis penais...e atinge o genocídio, pois trata-se, doravante, do gênero humano quase na sua totalidade...O pequeno número produz o grande que em contra-partida o condiciona; repete-se o mesmo esquema de antes. Produzimos a condição humana global, de que somos, pois, diretamente responsáveis. Dir-se-ia que o sujeito se perde nessa circularidade objetiva em que a fortuna provoca a miséria e o conhecimento a ignorância, que, no entanto, combate.
Quando falo dos mais fracos, falo também da fraqueza intelectual: como é possível que o tempo da ciência triunfante, das técnicas soberanas, das verdades geomediaticamente comunicadas tenha deixado degradar a esse ponto a instrução, afundar as culturas, deixar crescer tão fortemente a ignorância e a porcentagem de iletrados? Não é um paradoxo o fato de a comunicação --no espaço--falhar a transmissão através do tempo?
Michel Serres em ATLAS e Diálogo Sobre a Ciência, a Cultura e o Tempo
.





Desenho Instalação HeRo

Sobrecarga acústica


Sobrecarga acústica aeronáutica
é um estorvo a saúde e ao viver
da população de Fortaleza

Saludos HeRo

Guerra simulada é guerra


A crise da ciência




" É a era das instituições, o saber olha-se fazendo, em vez de fazer; se parasita, se hierarquiza, se burocratiza, complexo, enorme, perdulário. Perdulário para subsistir, não mais produz. Celebra-se e organiza sua celebração. Reúne-se para eleger presidentes. Os parasitas da ciência formigam sobre a invenção. Então, se resta uma esperança, é que a ciência produtora e viva se coloque fora da ciência...No interior desse coletivo ordinário, e não excepcional, a tomada de poder, a corrida às honrarias, a concorrência, a sujeição dos mais fracos e a exclusão dos marginais são condições ordinárias que não distinguem os cientistas dos outros homens, exceto por serem, às vezes, mais refinados, mais astutos, mais cruéis. Não é por serem bichos que estas pessoas são anjos. Mas acontece de serem assim para encobrir suas paixões banais pelas razões teóricas sublimes: é o lado padre ou pastor que elas possuem... A crise da ciência é uma crise de fechamento, e esta última uma crise sacrificial"

Michel Serres - Hermes, uma filosofia das ciências. Ed. Graal

Saudações da pARTE do Hélio Rôla

Fortaleza é nossa debilidade
O que fazer?

Sapo Science



Diz a fábula atomística que o sapo decidiu ser boi ( a ciência?) e para tanto, exagerando, engoliu ar até explodir... Hiroshima?
OS CIENTISTAS E OS FILÓSOFOS
Um cientista é uma pessoa que vive na paixão do explicar usando o critério de validação das explicações científicas, é cuidadoso em sua aplicação e em não confundir domínios fenoménicos ao fazê-lo, e está pronto para aceitar qualquer fenômeno que ele ou ela possa distinguir como um assunto aberto para uma explicação científica. Um filósofo é uma pessoa que vive na paixão do refletir sobre suas ações e suas relações em seu domínio de existência numa comunidade humana, freqüentemente, mas não necessariamente, visualizando-as sempre num domínio de valores, e fazendo isso sempre sob a condição básica de operar numa coerência lógica impecável, a partir de certas premissas básicas que ele ou ela aceitou, implícita ou explicitamente, a priori. O cientista começa com uma experiência que ele ou ela toma como um fenômeno a ser explicado, e procede em sua explicação satisfazendo o critério de validação das explicações científicas, através do uso de outras experiências e das coerências operacionais que elas envolvem. O filósofo começa com um conjunto de premissas básicas implícitas e explícitas que ele ou ela aceita a priori e procede explicando suas experiências e o mundo que vive através da aplicação dessas premissas, apoiado em outras noções consistentes, enquanto ele ou ela é cuidadoso em gerar um sistema explicativo que as conserve. Em suas respectivas teorizações, filósofos e cientistas operam como seres racionais, na medida em que seguem as coerências operacionais da linguagem como um domínio de coordenações consensuais recursivas de coordenações consensuais de ações.
Humberto Maturana em Cognição, Ciência e Vida Contemporânea

ORGANIZAÇÃO E TRADUÇÃO CRISTINA MAGRO - VÍCTOR PAREDES Ed UFMG
Saludos HeRo

Política, a feira carismática




O Homem político & o mundo

“Tão miticamente quanto o pensávamos, o contrato social marca o início das sociedades. Em função destas ou daquelas necessidades, alguns homens decidem, certo dia, viver em conjunto e se associam; desde então não sabemos mais passar uns sem os outros. Quando, como e porque esse contrato foi--ou não--assinado, não sabemos e, sem dúvida, nunca saberemos. Não importa.

...Imerso no contrato exclusivamente social, o político até esta manhã o subscreve e reescreve, faz com que seja observado, especialista unicamente em relações públicas e ciências sociais; eloqüente, até retórico, talvez até culto, conhecendo as entranhas, os corações e a dinâmica dos grupos, administrador, bom de mídia, essencialmente um jurista, ele mesmo produto do direito e produtor do direito: inútil tornar-se um físico...

...Tudo acaba de mudar. De agora em diante consideraremos inexata a palavra política, pois ela se refere apenas à cidade, aos espaços publicitários, à organização administrativa dos grupos. O que mora na cidade, antigamente chamado burguês, nada conhece do mundo. De agora em diante o governante deve abandonar as ciências humanas, as ruas e os muros da cidade, tornar-se físico, emergir do contrato social, inventar um novo contrato natural voltando a dar à palavra natureza o sentido original de condições em que nascemos—ou deveremos amanhã renascer."

....Ao contrário, o físico, no sentido grego mais antigo e também o mais moderno, aproxima-se da política.

Michel Serres, O Contrato Natural. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991


Saudações da pARTE do HeRo

quinta-feira, 21 de agosto de 2008



" Há tanta violência no conhecimento quanto nas fronteiras das cidades ou no coração das florestas primitivas. Mesmo sendo portadores do conhecimento, não deixamos de caçar, de planejar escaramuças, de construir armadilhas e de esperar pacientemente pela oportunidade de matar. Caça e conhecimento são partes integrantes da vida, resultam de sua força e seguem seu fluxo. Sim, ambos são trágicos, o segredo da vida se aproxima do segredo do conhecimento"
Michel Serres
(O Incandescente Ed Bertrand Brasil)

" Os tolos fazem pesquisa, e os homens sábios os exploram"

H.G.Wells (1905)
O poder parasita

" O parasita controla a vida e a morte, a origem e o fim, o tempo e a composição, o bem e o mal, o falso e o verdadeiro, a ordem e a desordem. Tentem encontrar um poder ou algum dominador que não se conduza de maneira parasitária."
Michel Serres
Política
O Teatro Carismático


"...se não nos inteiramos de que a democracia pertence ao desejo e não à razão, não seremos capazes de viver em democracia, porque lutaremos para impor a verdade. A democracia é uma conspiração social para uma convivência na qual a pobreza, o abuso e a exploração são erros a serem corrigidos porque se tem o desejo de fazê-lo. Além disso, o viver na democracia exige aceitar que o projeto de uma ordem social não é pertinente, porque ela é, de fato, uma conspiração fundada num desejo de convivência. Ao pretender elaborar um projeto de uma ordem social abrimos espaço para a tirania, porque nos erigimos como sabedores do dever social e exigimos que os outros sejam de uma certa maneira que consideramos apropriada...a conspiração democrática é um convite criativo, não uma restrição autoritária."
Humberto Maturana






"Traiçoeira civilidade"


Hoje em dia, quando a educação mais elaborada e o gosto mais cultivado reduziram a um conjunto de regras a arte de agradar aos demais, nossa conduta é governada por uma servilidade baixa e enganosa, de modo que todo preceito de polidez exige constante obediência. As boas maneiras nos são ditas, e devemos sempre seguir seus comandos, nunca nossa própria natureza. Sob essa incessante restrição, já não ousamos parecer como de fato somos. Naquele rebanho de ovelhas a que chamamos sociedade, cada homem em situação semelhante faz exatamente as mesmas coisas que os outros.[...] Assim, não há mais nenhuma amizade sincera, nenhuma estima, nenhuma confiança segura. A suspeita, o ressentimento, o medo, a frieza, a reserva, o ódio e a traição estão sempre à espreita, ocultos por um véu de permanente e traiçoeira civilidade.
Os sentimentos estão sufocados pela tão admirada urbanidade que devemos ao esclarecimento deste século.


Rousseau (1750)

" Ou os homens estão sós, diante da natureza, sem grupo ou sociedade, ou eles passam a viver na política e, então, não há mais mundo"
Michel Serres Luzes

domingo, 10 de agosto de 2008

O de sempre # 2




"Como espécie, o sapiens ama e detesta sua própria vida e as de outras espécies, ele as erradica e as pesquisa. Uma força grandiosa transbordante de crime e deleite...Vivemos, logo amamos; vivemos, logo odiamos. Eu amo e odeio a vida, logo existo. Transformamo-nos lentamente, com variações individuais, num gênero pacífico e arrogante, inventivo e exterminador, amoroso e tanatocrático, de Stalin a São Francisco de Assis, do caçador impiedoso a São Júlio, o Hospitaleiro, do parasita ao simbionte, da loucura dos que adoram o poder ao surpreendente punhado de santos que dedicam seu poder ao amor."
Michel Serres

NOVA BANDEIRA



Nova Bandeira HeRo 08

GOVERNO
ÁGORA E AGORA?

“A noção de governo se refere às conversações de harmonização entre as ações da pessoa encarregada do operar de uma instituição como sistema de coordenações e emoções, ou governante, e as ações dos governados que realizam a instituição como tal. A tarefa do governante é guiar as conversações que constituem a instituição de modo que as ações dos governados e, portanto, o emocionar que as sustenta, sigam um curso congruente com suas intenções, desejos e propósitos. Noutras palavras, governar consiste em dirigir e harmonizar as intenções, desejos e propósitos dos membros de uma instituição; ou ainda em outras palavras, governar consiste em harmonizar o fluir emocional dos membros da instituição governada. Por isto, toda reflexão sobre o governo de uma instituição qualquer, deve revelar necessariamente tanto o espaço das intenções, desejos e propósitos que constituem as ações do governante, quanto o espaço das intenções, desejos e propósitos que devem fundar as ações dos governados como membros da dita instituição.”

Humberto Maturana R. El Sentido De Lo Humano. Chile, Hachette, 1992, (pg. 210).



Fortaleza
é nossa debilidade
Saludos HeRo

Zorba
"ZIGRICK"


sábado, 29 de março de 2008

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Trotsky matou quantos?


O Comunismo no México Diego Rivera Trotski e Frida"A revolução bolchevique levou Lenin ao poder em 1917. Dois auxiliares de Lenin, cresciam na máquina soviética. Stalin na política e Trotski no exército. A morte de Lenin em 1924 precipitou uma luta entre os dois pelo poder. Ganhou Stalin, Trotski foi expulso do partido comunista em 1927 e do país em 1929. Trotski foi exilado no México em 1937, e foi recebido e hospedado por Kahlo e Rivera na “Casa Azul”de Coyoacán.A atividade de Rivera e Frida no partido comunista foi complexa, Rivera não aceitava dogmas, nem mesmo os dogmas comunistas. Frida acompanhava Rivera , embora tivesse posições próprias. Rivera era na verdade um humanista e um homem livre que procurava através do marxismo exercer o seu amor pelos mais oprimidos de sua terra, e considerava este um caminho justo. Mas como todos os que acreditam na liberdade foi incompreendido. Nos Estados Unidos teve a coragem de pintar Lenin, em um mural encomendado pelos Rockefeller, em Nova York. O mural foi destruído e Rivera despedido. Rivera foi expulso do partido comunista justamente por ter aceito pedidos dos americanos. Aliou-se à Trotski, que já era oposição ao regime comunista de Moscou. Voltou depois ao partido comunista. Era na verdade um liberal, um anarquista, um artista em luta contra a hipocrisia. Seu tema foi sempre nacionalista, procurou o comunismo, porque naquele momento esse era o melhor caminho, era a posição esperada de intelectuais preocupados com a melhoria de vida da maioria. Ser comunista naquele momento da história era o êrro correto"...
Stalin e Trotsky
"(Joseph) Stalin e Trotsky pensavam de duas maneiras diversas sobre a revolução. Stalin, para consolidar seu poder, aferrou-se à sua teoria do socialismo em um só país, e restringiu todo indício de democracia e pluralidade. Trotsky, com sua teoria da revolução permanente, pensava que a vitória na Rússia era só um passo para depois seguir pela Europa"."Mas Stalin praticamente traiu a possível revolução chinesa em 1926-1927, não permitiu uma aliança entre as forças de esquerda na Alemanha que poderiam evitar a subida de Adolf Hitler ao poder, manietou a Internacional Comunista e, na Espanha, durante a guerra civil (1936-1939), exigiu que se lutasse pela vitória sem fazer a revolução. Era o menos brilhante, mas demonstrou ser o mais astuto e sibilino.”
Trotsky matou quantos?
"Devemos dar um fim, de uma vez por todas, à fábula acerca do caráter sagrado da vida humana”.
Atribui-se essa frase a ele mas há quem diga que Trotsky jamais matou alguém, dizem que ele somente ordenou o massacre e execuções dos revoltosos de Kronstadt ( Operação limpeza?) A Revolta de Kronstadt foi uma insurreição de marinheiros contra o governo russo (bolchevique). Foi o último confronto armado de importância da Guerra Civil Russa . A revolta aconteceu nas primeiras semanas de Março de 1921, em Kronstadt, uma fortaleza naval localizada na ilha de Kotlin, no Golfo da Finlândia. Tradicionalmente, Kronstadt servia de base para a frota báltica russa e de defesa marítima para a cidade de São Petersburgo (mais tarde chamada Petrogrado, depois Leningrado e então São Petersburgo novamente, que é seu atual nome), a 35 milhas de distância." Os revoltosos foram massacrados e milhares executados sumariamente
" A União Soviética começa com o intúito de acabar com a tirania, de acabar com a exploração, de acabar com a pobreza, de acabar com a miséria, de acabar com o abuso, porque todos os pensadores marxistas ou comunistas pensam que tem uma teoria que justifica o que eles decidam pelos outros e terminam por gerar outra tirania. Se eu quero que os outros se comportem como eu quero, gero uma tirania. Por isso é que a democracia é uma obra de arte. Se não existe uma incerteza, uma democracia pode se tornar uma tirania. Porém isso não quer dizer que não vou fazer nada. Quer dizer simplesmente que o que não vou fazer é gerar uma tirania" Humberto Maturana La Democracia és una Obra de Arte
" Uma idéia contra uma idéia continua sendo a mesma idéia, embora dotada de sinal negativo. Quanto mais se opõe a algo, mais se permanece no mesmo âmbito de pensamento" Michel Serres Luzes

Qual Ditador Matou Mais Em Todos Os Tempos

Summary rating: 5 stars 7 Avaliações
Autor : Revista Superinteressante
Resumo de : gersonivan
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Em números absolutos, o maior matador foi o ditador chinês Mao Tsé-tung, que mandou nada menos que 77 milhões de compatriotas para o além. Em percentual relativo, o líder mais sanguinário foi o general Pol Pot, que assassinou "apenas" 2 milhões de pessoas - um terço da população do Camboja, país em que ele foi primeiro-ministro entre 1976e 1979. Abaixo segue a relação dos 10 governantes mais assassinos de todos os tempos. A relação tem como critério básico o total de mortes causadas pela ação ou omissão de lideres com poderes ditaroriais. Isso inclui desde fuzilamento no paredão até grandes fomes causadas por uma guerra civil.- Mao Tsé-tung China (1893-1976) 77 000 000- Joseph Stalin URSS (1879-1953) 43 000 000- Adolf Hitler Alemanha(1889-1945) 21 000 000- Kublai Khan Mongólia (1215-1294) 19 000 000- Imperatriz Cixi China (1835-1908) 12 000 000- Leopoldo 2o. Bélgica (1835-1909) 10 000 000- Chiang Kai-Shek China e Taiwan (1887-1975) 10 000 000- Gêngis Khan Mongólia (1162-1227) 4 000 000- Hideki Tojo Japão (1884-1948) 4 000 000- Pol Pot Camboja (1925-19980 2 000 000


Os cães do assassino de Trotsky

AUTOR: Dália ACOSTA
Traduzido por Omar L. de Barros Filho
Havana – O homem que matou León Trotsky por encomenda dos serviços secretos soviéticos e passou 20 anos em uma prisão mexicana sem falar, no final de seus dias radicou-se na capital cubana, onde costumava, diariamente, passear com seus cachorros pela Quinta Avenida do bairro residencial de Miramar.





Ramón Mercader




E foi nesta Quinta Avenida onde o cineasta cubano Tomás Gutiérrez Alea (1928-1996) viu pela primeira vez aqueles cães e entendeu que eram os exemplares corretos para seu último filme, no qual narra a história de uma família da alta burguesia cubana, que se isola em sua mansão para ignorar as mudanças que se sucederam ao triunfo da Revolução em 1959. Os cachorros do catalão Ramón Mercader del Río (1914-1978), então conhecido na ilha como Jaime Ramón, foram vistos por muitas pessoas no mundo nas seqüências de "Los sobrevivientes" (1978), uma das obras-primas do diretor de "Memorias del Subdesarrollo"(1968) e "Fresa y Chocolate" (1993).
"Nunca houve cães assim em Cuba, nem voltará a haver", disse à IPS o escritor cubano Leonardo Padura, que trabalha nos últimos detalhes de um romance sobre as "peripécias, intrigas e perseguições" que cercaram, no México, o assassinato de Trotsky (1879-1940), um dos principais líderes da chamada Revolução de Outubro (Rússia, 1917).







"Um romance como esse somente pode se escrever obcecado com esta história", comentou o jornalista e narrador, autor de obras literárias que prescrutam a realidade cubana atual como "Vientos de Cuaresma" (1994), "Pasado perfecto" (1995), "Máscaras" (1997), "Paisaje de Otoño" (1998), "La novela de mi vida" (2001) e "La neblina del ayer" (2005).
"O homem que amava os cães", um título com que Padura pretende render homenagem ao escritor norte-americano Raymond Chandler (1888-1959), é narrado em três linhas paralelas: o exílio de Trotsky de 1929 até sua morte em 1940, a preparação e execução de seu assassinato, e o destino posterior do assassino ou "braço executor", em Moscou e depois em Cuba.
Padura conta a peregrinação do exilado Trotsky por Alma-Ata (Cazaquistão), Turquia, França, Noruega e sua estada definitiva em uma "casa-fortaleza" em Coyoacán, cidade do México. E, por outro lado, segue os passos de Mercader del Río desde seus tempos como soldado do Exército Popular espanhol, Moscou, França, Nova York e México. Como em seus livros policiais, onde a trama é apenas um pretexto para submergir na sociedade cubana, o romancista parte do que considera um dos assassinatos mais significativos do século XX, para afundar na luta pelo poder após a morte de Vladimir Ilich Lenin (1870-1924) e a ascensão do fascismo.
"(Joseph) Stalin e Trotsky pensavam de duas maneiras diversas sobre a revolução. Stalin, para consolidar seu poder, aferrou-se à sua teoria do socialismo em um só país, e restringiu todo indício de democracia e pluralidade. Trotsky, com sua teoria da revolução permanente, pensava que a vitória na Rússia era só um passo para depois seguir pela Europa".
"Mas Stalin praticamente traiu a possível revolução chinesa em 1926-1927, não permitiu uma aliança entre as forças de esquerda na Alemanha que poderiam evitar a subida de Adolf Hitler ao poder, manietou a Internacional Comunista e, na Espanha, durante a guerra civil (1936-1939), exigiu que se lutasse pela vitória sem fazer a revolução. Era o menos brilhante, mas demonstrou ser o mais astuto e sibilino.”
“Trotsky era brilhante, orador, culto, mundano, famoso e mítico. Eliminar Trotsky se converteu em uma exigência para que Stalin pudesse conseguir a supremacia e o poder absoluto, inclusive a possibilidade de reescrever a história e roubar um protagonismo que nunca teve. O final é conhecido desde o início, o importante é o como. Por que se frustrou a grande utopia do século XX? É o que, simbolicamente, quero levar para o romance. A perversão começou nos próprios anos 20 e o assassinato de Trotsky colocou o ponto final em qualquer salvação dessa utopia", afirmou o autor.
"É algo que também tem a ver conosco. O ser humano não pode viver sem utopia", acrescentou. Há três anos o romancista cubano segue trabalhando na obra que, espera, seja publicada no outono de 2008, pela editora Tusquets, de Barcelona. Durante esse tempo buscou documentos originais, leu livros de história e ficção, consultou mapas urbanos e aprendeu quase de memória os diários do exílio de Trotsky.
Em todo o processo prévio à escrita, Padura sempre tropeçou com o mesmo obstáculo: o silêncio de Mercader del Río. "Esteve 20 anos no cárcere no México e não falou, no tempo em que viveu em Moscou desapareceu e em Cuba foi um fantasma. E imaginei que em alguma oportunidade deveria haver sentido muitos desejos de contar sua história", explica. No romance, Jaime Ramón relata tudo a um joven cubano estudante de veterinária que, apesar de sua promessa de não dizer nada a ninguém, 20 anos depois passa todos os detalhes a um amigo escritor. Os cães se convertem na conexão entre Mercader del Río e o jovem que, por sua vez, marca a distância necessária entre a história e a ficção.
"Como Ramón Mercader amava os cachorros também o homem que ele assassinou os amava. Trotsky tinha quatro galgos russos e quando parte para o exílio em Alma-Ata, leva um com ele. O mesmo amor era compartilhado também pelo jovem veterinário cubano. Qualquer um deles pode ser o homem que amava os cães", comenta.
Pesquisa recomendadaLeón Trotsky - wikipedia Leonardo Padura: con la pluma y con la espada Cuba: Crónicas de una pluma célebre y crítica Literatura-Cuba: La neblina de la crisis
Fonte: http://ipsnoticias.net/nota.asp?idnews=86670 Artigo original publicado em 27/11/2007Sobre o autorTradução redigida em português do Omar L. de Barros Filho é editor de ViaPolítica e membro de Tlaxcala, a rede de tradutores pela diversidade lingüística. Esta tradução pode ser reproduzida livremente na condição de que sua integridade seja respeitada, bem como a menção ao autor, aos tradutores, aos revisores e à fonte.URL deste artigo em Tlaxcala: http://www.tlaxcala.es/pp.asp?reference=4324&lg=po

Fortaleza é nossa debilidade
Promova o silêncio

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Eu acredito é na rapaziada?



"No passado, as guerras e lutas eram claras, declaradas, juridicamente notórias, opunham entre si nações e classes definidas e distintas. Conceitos de direito e da política, esses conflitos terminavam pro meio de armistícios e tratados, textos também redigidos em termo de direito. Que novo conceito permitirá pensar a oposição dessas invisibilidades, o punho do terrorismo e a mão do mercado, nesse momento de não direito?...Sob as baixas latirudes encontram-se os imortais, que não cessa de sorver o néctar da ambrosia. Essa evidência não pode deixar de lado as chamadas democracias; escudando-se numa publicidade mentirosa, na qual ninguém mais crê, elas ainda podem glorificar a mais feroz e desigual das aristocracias corporais, a mais implacável do que todas as outras?" Michel Serres O Incandescente & Hominescências

Iracema /Chega de saudades HeRo 08


"Quem foi o primeiro a delimitar um nicho e dizer: este me pertence. Todos o seres vivos e há milhões de anos. Para sua defesa, a continuidade desse gesto pressiona arcaicamente a co-evolução. Por muito tempo fomos, e ainda frequentemente continuamos a ser, animais políticos, os Agamenons, os Ajax, os Aquiles, pequenos chefes despóticos rodeados de guerreiros, vizinhos da genealogia de animais, que babavam de inveja quando o sabre era desembainhado. Não foi facilmente que saímos da animalidade. Ainda que nada saibamos sobre isso, tudo começou muito antes da guerra de Tróia, sem dúvida desde nossa própria emergência no Oeste africano, e durou até a explosão de Hiroshima" Michel Serres Hominescências

Cultura ma non troppo/Arte inflada

Praia de Iracema 94

Cultura? Claro que quero!
Só que não quero é ela
além da conta e sem jeito
atravessando parede
estourando ouvidos
descendo goela abaixo
ou de olhos adentro
nem se espalhando corpo afora
sem que eu
nada mais possa fazer
senão arte
para me livrar dela

Cultura morta de som
morta a som
ou som morta?

Picho, logo pinto?


Jornal do pintor
Picho, logo pinto?

Quando só me acho
saio fora do nicho
pra não ficar com cara de tacho
apanho o spray e picho...

e assim fiz esse rolanet:
a imagem a partir de um desenho à lapis cera
sobre a "página do leitor "do jornal O Povo de 2006
se não me engano

Saudações da pARTE do Hélio Rôla

A cor do crime/aquarela do jornal



Há 23 anos atrás, em 1985, fiz uma série de desenhos aquarelados sobre a página policial do jornal O Povo , que chamei de "a cor do crime". Parte dela foi enviada, via correio, para a redação do jornal que chegou mesmo a fazer uma mostra na Fundação Demócrito Rocha, se não me engano em 85. Os poucos exemplares que me restavam ( 3 ou 4?) foram doados, à pedido, para o acervo de obras de arte do MAC Ce, quando ainda da gestão do Sr Ricardo Resende que considerou os trabalhos como artisticamente relevantes. A Cor do Crime eu iniciei em BH, em 85, quando lá estive como pesquisador visitante na UFMG, desenhando, nas horas vagas, sobre a página do crime do Jornal O Estado de Minas que tinha o mesmo layout visual que o jornal O Povo da época...Lá surgiu A Cor do Crimineiro e aqui a decorrência foi A Cor do Crime, somente.
Bom, para dar um tom de museu e de arte ao que desenhei sobre as páginas do jornal fiz essa montagem, a imagem é de 85 e o som é do Pixinguinha. Espero que apreciem o Rolanet do dia.
Arte, pra que te quero?

Caça animal, bonde da história?


Arte Bonde


" O que diferencia Alexandre, César, Bonaparte, Stalin, Pol Pot e Hitler? Certamente, todos eles possuíam uma alma fraca. Homens ilustres, chefes aclamados: matadores. Heróis: assassinos ou vítimas. Modelos famosos e mortuários. Conduzida por esses açougueiros para abatedores semelhantes, essa história se reproduz a nosso redor, mas agora começamos a nos indignar com ela. Mal acabamos de sair de uma história pontuada pela explosão de personagens repugnantes ( do verbo pugnare, combater), comandantes que deixaram grandes rastros de sangue, patrões que foram sustentados por rios de suor...o poder que antigamente estava enraizado na morte tem agora o projeto de se enraizar novamente na vida? Podemos aliviá-la, prolongá-la, reproduzi-la? Acabamos de adquirir o direito de vida e paz?" Michel Serres Hominescências

O som divide


Ampliando nossa visão

Paisagem geléia

"...as relações infantis do tipo dominador/dominado tendem a nos empurrar para a negação dos fatos e a insensibilidade a fim de escaparmos da nossa dor ou daquela que causamos a outros. Isso nos prende a hábitos dolorosos e desajustados. E nossa cultura, em grande parte, tem o mesmo efeito.
Álcool, bares barulhentos, anúncios frenéticos na televisão e entretenimento tipo "ação" são todos dessensibilizantes, tornando mais difícil o contato com nossos próprios sentimentos" Riane Eisler O Poder da Parceria Palas Athena

Saudações da pARTE do Hélio Rôla

O reveillon do diabo



El despertar del diablo
O clamor do Réveillon

"O audível mantém território por sua ampla capacidade, o poder pertence a quem possui sino ou sirene, na rede dos emissores de som...Não sabemos, inteiramente, até que ponto amedrontamos o mundo, nem a que tocas escuras nós o levamos a fugir. Os tigres vagueiam pela selva, as águias refugiam-se nas escarpas, as raposas nas furnas e os sábios em certas ilhas, de medo desse ruído. Espécies ameaçadas que hoje morrem porque aprendemos a difundi-lo melhor" Michel Serres Os Cinco Sentidos pg 105
PS com tanta bomba explodindo por 15 minutos no Reveillon imagino o estresse sonoro sofrido pelos golfinhos e outras vidas marinhas que enfeitam com simpatia os mares da Praia de Iracema. Já pensou nisso?
Saludos HeRo

Fortaleza é nossa debilidade
Promova o silêncio



Iracema/Hiroshima

Quem ama não buzina

Iracema/Hiroshima
Reveillon

A boemia morreu?
Você viu como ficou Iracema
depois de tanta bomba?
Esquecemos Nagasaqui
mas, quem pode esquecer
Hiroshima?

Hiroshima Iracema
Iracema Hiroshima
Iracema mon amour

Iracema
Um negócio da China?
Quem sabe?

Guns and Roses?
Brega & Chique?
THE POLICE?
The Who?
Who's Bad?

RATOS DO PORÃO


Saludos HeRo
PS Pergunta pro Ruy Lima: dizem que no dia em que explodiram Hiroshima os americanos fizeram a maior festa no seu cassino ( velho Estoril) na piscininha ou na ponte dos ingleses?

Fortaleza é nossa debilidade
A cultura aturde
Promova o silêncio
O silêncio, um bem comum,
promove a sensibilidade
e daí surje a cidadania
Será?

Banco de Imagens: http://www.picasaweb.google.com/herola